Quando consigo me aposentar e viver de renda investindo R$ 1.500 por mês?
Conteúdo publicado no uol em 04/05/2023
Muita gente quer investir no futuro para poder garantir uma aposentadoria tranquila. Mas quanto dinheiro você precisa para conseguir parar de trabalhar? Quais são os principais cuidados? Veja as recomendações de especialistas.
Como planejar a aposentadoria? Patrimônio deve ser suficiente para cobrir as despesas. O investidor deve começar estipulando seu custo de vida, para entender quais serão os valores necessários para cobrir suas obrigações de rotina, afirma a sócia-fundadora e CEO da gestora Alocc, Sigrid Guimarães.
Dito isso, é hora de entender o quanto é o seu gasto anual. Dessa forma, é possível estimar quanto é preciso juntar por ano, a partir daquele momento, e ao longo dos anos, até a data da aposentadoria. Comece a poupar o quanto antes. Ao acumular capital, o investidor pode colher os frutos do efeito dos juros compostos, ou seja, quanto mais ele guardar, maior será o retorno a partir dos aportes recorrentes. É importante ter uma mentalidade para poupar. "É preciso poupar desde cedo para o dinheiro te servir na vida, ser seu instrumento para atingir seus objetivos e ter uma aposentadoria tranquila", afirma a sócia e CEO da Vita Investimentos, Claudia Salles.
Quanto é preciso para viver de renda? Colocar na ponta do lápis é importante. Segundo cálculos de Sigrid Guimarães a pedido do UOL, uma pessoa que poupasse R$ 1.500 por mês (R$ 18 mil por ano), poderia alcançar um patrimônio de R$ 1.195.899 em 30 anos. Assim, ganharia o equivalente a R$ 4.982,91 por mês no futuro. Quanto maior o investimento, mais rápido se chega no objetivo. Já quem consegue poupar R$ 5.000 por mês (R$ 60 mil por ano) consegue ter um patrimônio de R$ 1.175.917 em apenas 14 anos, metade do tempo, recebendo praticamente o mesmo valor mensal quando for se aposentar. Veja qual será o patrimônio acumulado e quanto esse dinheiro rende de renda passiva na aposentadoria.
Juntando R$ 1.500 por mês (R$ 18.000 por ano)
Em 14 anos Patrimônio acumulado: R$ 352.775,38 Renda mensal vitalícia: R$ 1.469,90
Em 20 anos Patrimônio acumulado: R$ 595.187,17 Renda mensal vitalícia: R$ 2.479,95
Em 30 anos Patrimônio acumulado: R$ 1.195.899,26 Renda mensal vitalícia: R$ 4.982,91
Juntando R$ 3.000 por mês (R$ 36.000 por ano)
Em 14 anos Patrimônio acumulado: R$ 705.550,75 Renda mensal vitalícia: R$ 2.939,79
Em 20 anos Patrimônio acumulado: R$ 1.190.374,35 Renda mensal vitalícia: R$ 4.959,89
Em 30 anos Patrimônio acumulado: R$ 2.391.798,51 Renda mensal vitalícia: R$ 9.965,83
Juntando R$ 5.000 por mês (R$ 60.000 por ano)
Em 14 anos Patrimônio acumulado: R$ 1.175.917,92 Renda mensal vitalícia: R$ 4.899,66
Em 20 anos Patrimônio acumulado: R$ 1.983.957,25 Renda mensal vitalícia: R$ 8.266,49
Em 30 anos Patrimônio acumulado: R$ 3.986.330,85 Renda mensal vitalícia: R$ 16.609,71
E a inflação?
Essas simulações consideram um rendimento real de 5% ao ano. Ou seja, esses investimentos rendem 5% acima da inflação todo ano. Esse é um patamar possível em boa parte dos ativos disponíveis no mercado. Para ter renda vitalícia, você só pode sacar o que render acima da inflação. Assim, o seu patrimônio não diminui - nem com os saques mensais nem com a inflação. Considere a inflação. Os valores finais serão maiores que os apresentados aqui, mas têm o mesmo poder de compra que os atuais.
Onde aplicar o dinheiro?
Busque investimento com risco baixo e alta liquidez. Sigrid Guimarães afirma que os títulos públicos federais, com o Tesouro Direto, os fundos DI sem risco de crédito e CDBs são opções, uma vez que o dinheiro tem um uso já planejado, e esses investimentos não oscilam tanto como a renda variável. Diversifique seus investimentos. "Se puder investir mais, o excedente pode e deve ser diversificado em outras categorias, a exemplo de multimercados e ações, o que vai trazer uma maior diversificação e eficiência para a carteira", diz a CEO da Alocc.
E as dicas para quem quer se aposentar?
Entenda o seu perfil de risco. Você é um investidor conservador, moderado ou arrojado? Entender essa diferença de perfil pode ser um atalho para alcançar o objetivo mais rápido e de forma mais segura. Veja aqui como saber qual é o seu perfil de investidor. Fase de vida pode alterar estratégia. Uma pessoa jovem pode correr mais risco para obter um resultado maior, ao passo que alguém com uma idade mais avançada normalmente costuma priorizar ativos que ofereçam mais segurança, para não ter tantas variações. Carteira não deve ser estática. Apesar do horizonte de longo prazo, a composição dos investimentos devem acompanhar as situações de mercado e as condições econômicas no mundo. No atual cenário de juros altos no mundo, o investidor pode priorizar os ativos de renda fixa, considerados mais vantajosos. Em caso da queda de juros, a renda variável, como ações, podem trazer um retorno mais interessante. Mas isso não significa que os investimentos devem se concentrar apenas em uma classe de ativos. É possível —e até recomendado— ter diferentes ativos para reduzir os riscos.